Orquestra de Câmara do Sesc em Minas celebra 10 anos de atividades com concerto especial
Fundamental na missão do Sesc em Minas de promover a qualidade de vida por meio da Cultura, a Orquestra de Câmara celebra 10 anos de atividades em julho de 2022. Para comemorar, um espetáculo especial será realizado no Sesc Palladium, no dia 20 de julho.
A Orquestra dividirá o palco com o renomado Grupo Trampulim, num concerto cênico que vai usar música e teatro para contar a história desse projeto tão importante para o Sesc em Minas. O evento ainda contará com apresentações dos outros dois projetos de formação cultural do Sesc em Minas: o Coral Jovem e o Núcleo de Formação de Dança.
História
Criada em 2012, a Orquestra de Câmara do Sesc em Minas é fruto de um projeto de formação e desenvolvimento de uma orquestra de cordas, composta por crianças de 10 a 19 anos. Ao longo do curso continuado de quatro anos, os alunos selecionados participam de aulas de violino, viola, violoncelo ou contrabaixo e ainda de percepção musical, prática de conjunto e canto coral.
Além de aprender um instrumento, eles vivenciam práticas diárias nas quais experimentam o fazer musical e a convivência em grupo em torno de um objetivo artístico comum. Em alguns meses, os alunos que entram no projeto já são capazes de se apresentar com a Orquestra para públicos variados.
A Orquestra de Câmara é oferecida de forma gratuita, com benefícios que vão desde o vale-transporte social, lanche e a doação de instrumentos para os alunos, buscando contemplar preferencialmente os dependentes do trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo com renda familiar de até três salários mínimos. Atualmente, 140 alunos fazem parte da Orquestra.
Em suma, é um projeto que realiza importantes ações educacionais e sociais por meio do ensino da música.
“O Sesc tem, entre suas missões, a de promover a inclusão social e de fomentar o acesso à cultura para as pessoas que atuam no comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes. A proposta da Orquestra de Câmara tem exatamente esses objetivos como alicerce, já que por meio do projeto os jovens conseguem ter acesso à cultura e desenvolvem uma série de habilidades que estão associadas à educação musical”, afirma o presidente da Fecomércio MG, Lázaro Luiz Gonzaga.
Ao encontro do Sesc Palladium
Inicialmente, a Orquestra tinha como sede o Sesc JK, no Centro de Belo Horizonte. Depois, foi para o Sesc Santa Quitéria, no bairro Carlos Prates. Porém, desde 2018, ela desenvolve suas atividades no Sesc Palladium, do qual se tornou parte da rotina e da programação, como destaca a gerente do Sesc Palladium Priscilla D’Agostini:
“O Sesc Palladium é o lugar ideal para o projeto. Os dois dialogam, pois estamos falando de transformação social pela cultura em sua essência. Os alunos chegam aqui e têm a oportunidade não só de aprender a tocar um instrumento, mas de conviver com pessoas diferentes, adquirir outras experiências de vida, conviver com os professores e vivenciar questões ligadas à socialização, cidadania, senso crítico e sociabilidade. Isso transforma também as famílias deles. Os jovens levam esses valores para casa, além de iniciarem um caminho rumo à universidade, pois o aprendizado adquirido aqui abre várias possibilidades. Temos ex-alunos que viraram músicos e musicistas, integrantes de grandes orquestras, ou que montaram suas próprias bandas, e ainda os que seguiram para outras profissões. Pessoalmente, eu sinto que a Orquestra também mudou minha visão sobre várias coisas. Ela é tão potente que impacta quem convive ao seu redor. Vida longa à Orquestra de Câmara do Sesc em Minas!”
O Maestro
Responsável por reger o projeto dentro e fora dos palcos, Eliseu Barros era um dos músicos integrantes da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais quando foi convidado para desenvolver e liderar o novo projeto do Sesc em Minas. A possibilidade de conciliar música, filantropia e ação social, que já faziam parte de sua vida, em uma única iniciativa fez a diferença para ele.
“É muito gratificante estar à frente desse projeto que é, acima de tudo, sobre inserção. Nós proporcionamos a esses jovens a inserção não só no mercado de trabalho, mas também cultural, aos conceitos de cidadania e à autoestima. Alguns alunos que começaram a vida na música na Orquestra hoje são alunos meus na UFMG, no curso superior de Música. Saber que a música mudou a rota da trajetória deles, para mim, não tem preço. É fantástico dar essa contribuição”, afirma o maestro, que também é professor de violino na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
Na memória
Nesses 10 anos, a Orquestra participou de grandes momentos musicais. O maestro Eliseu destaca o primeiro concerto realizado, apenas três meses após o início do projeto. Foi uma apresentação no Sesc JK, no Centro de Belo Horizonte. Outro momento marcante citado por ele foi a primeira apresentação feita no Sesc Palladium, quando a Orquestra completava seu primeiro ano de existência, com a participação do músico Célio Balona.
Depois disso, outros grandes momentos vieram, como parcerias realizadas com nomes importantes da música brasileira como Marcus Viana, Tianastácia, Daniel Boaventura, Trio Amaranto e Ana Cristina, além de participações no Festival Nacional da Canção, em Boa Esperança (MG), e no Festival Internacional Sesc de Música, em Pelotas (RS).
Legado social
Desde 2012, 120 alunos já se formaram no projeto após quatro anos de curso. A proposta sempre foi proporcionar a eles o ensino musical e o apoio psicopedagógico necessário para o desenvolvimento de várias atividades a partir dali. Contudo, possibilitar àqueles que desejam seguir uma carreira profissional na música, o ingresso às universidades, em cursos de graduação nessa área, é um motivo a mais de orgulho para todos os envolvidos com a orquestra.
Ao menos 16 alunos que passaram pela Orquestra do Sesc foram aprovados em cursos de Música de Universidades Federais e Estaduais. A primeira delas foi a Nikolly Ramos, de 22 anos, que já se formou como bacharel em contrabaixo pela UFMG. Ela entrou no projeto aos 14 anos e hoje integra a Orquestra Ouro Preto, a Sinfônica de Betim e foi aprovada para a Orquestra de Câmara do Inhotim.
“Assim que entrei, fui designada para o contrabaixo por ser uma das mais altas, pois já tinha 14 anos. Minhas irmãs foram designadas para o violino. Como morávamos em Caeté e tínhamos que ir para a escola à tarde, depois das aulas de música de manhã, seria mais fácil que eu também passasse para o violino, mas bati o pé e segui no contrabaixo, com o professor Tiago Nogueira. Ele é uma das pessoas mais importantes na minha vida por ter conduzido minha aproximação com esse instrumento de forma brilhante. Venho de uma realidade em que pouca gente tem acesso à música erudita, então isso foi muito importante. Passei a amar as aulas, nunca perdia uma. Tínhamos que acordar às 5h e tomar o café da manhã correndo para conseguir vir de Caeté. Nem sei como conseguimos, mas foram anos muito importantes, fiz muitas amizades e as coisas foram caminhando. Quando assustei, o contrabaixo já era parte da minha vida. Planejo fazer um mestrado em breve e aonde eu chegar o Sesc estará no meu coração”, relata Nikolly.
Outras ex-alunas da Orquestra seguem os mesmos passos. É o caso da Maria Vitória Lorentz, hoje com 20 anos. Ela está se profissionalizando no violino, no curso de Música da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais). Sua história na música começou na Orquestra do Sesc, quando tinha apenas 10 anos. Ela foi uma das formandas da primeira turma do projeto. A participação teve tanta importância para seus objetivos, que ela estendeu seu tempo na Orquestra e mudou sua vida para sempre por causa da música:
“Antes de entrar na Orquestra do Sesc, eu não tinha contato com a música. Entrei porque minha mãe trabalhava no Sesc JK, como terceirizada, conheceu o projeto e achou uma boa me colocar. Confesso que no início eu não gostava, mas fui conhecendo e me apaixonando pela área. Nunca pensei em seguir uma carreira, mas quando surgiu a oportunidade de participar do Festival Internacional Sesc de Música, no Rio Grande do Sul, pude ter contato com outras pessoas tocando e vivendo aquela emoção, percebi que era aquilo que eu queria para minha vida. Não apenas como um hobby, mas como profissão. Comecei a dar aulas de música, fiz vestibular e hoje estou cursando o bacharelado em violino. De onde eu venho, ter ensino superior não é muito comum, então foi uma grande conquista para minha família, graças ao Sesc, que promove esse ambiente tão acolhedor, não só na música”.
Formação ampliada
Além da Orquestra, o Sesc em Minas conta com outros dois núcleos de formação artística voltados para crianças e adolescentes. O Coral Jovem Sesc é formado por jovens entre 15 e 22 anos. A ação continuada de formação musical com caráter social, cultural e artístico propõe vivências práticas diárias que experimentam o fazer musical e a convivência em grupo em torno de um objetivo artístico comum. Atualmente, são 60 alunos.
O Núcleo de Formação de Dança ultrapassa as fronteiras do entretenimento e se transforma em um agente formador e interdisciplinar, que instiga o trabalho criativo, a interação e autoconhecimento de crianças e jovens de 9 a 15 anos. Com duração de 3 anos, os alunos experienciam gratuitamente, no Sesc Cenário, a teoria e prática dos saberes específicos das danças Clássica, Moderna, Contemporânea, Urbanas e Populares Brasileiras. Além da formação básica, o Núcleo também conta com turmas de aprofundamento para alunos de 11 a 17 anos que já cursaram o primeiro módulo e não egressos de 13 a 16 anos. Hoje o Núcleo atende 100 alunos.
Como participar
A Orquestra de Câmara, o Coral Sesc e o Núcleo de Formação de Dança são oferecidos de forma gratuita, com benefícios de vale-transporte social, lanche e doação de instrumentos para os alunos. As inscrições abrem em outubro. Critérios: ser familiar de trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, ter renda de até três salários mínimos. Saiba mais em www.sescmg.com.br/cultura/
Concerto Espetáculo em Comemoração de 10 anos da Orquestra de Câmara Sesc
Quando: 20 de julho, às 20h30
Local: Grande Teatro do Sesc Palladium
Entrada: Retirada gratuita na bilheteria, com doação de 2 kg de alimento não perecível, ou no Sympla ( R$ 10 – arrecadação destinada ao Mesa Brasil Sesc).