Veja como foi a 1ª edição da Eduko
A primeira Eduko – Bienal de Novos Saberes, realizada pelo Sistema Fecomércio MG, Sesc e Senac, foi um sucesso de público e de excelência nos conteúdos apresentados. Durante dois dias, 28 e 29 de julho de 2023, no Sesc Palladium, em Belo Horizonte, educadores de todo o Brasil estiveram juntos dialogando e descobrindo novas propostas e soluções para uma educação em comunidade.
A abertura do evento foi realizada por 20 alunos da turma de Aprofundamento do Núcleo de Formação em Dança do Sesc em Minas, com idades entre 14 e 19 anos. Aplaudidos de pé, eles apresentaram o espetáculo Calumma, em uma mescla de danças urbana e contemporânea.
Em seguida, o 1º vice-presidente da Fecomércio MG, Emerson Beloti de Souza, deu início à solenidade e enfatizou a importância do congresso. “Queremos construir pontes, ampliar conexões e fortalecer um novo cenário para a educação no Brasil. Um cenário mais inclusivo, mais dinâmico, mais plural e mais transformador”, disse Beloti.
A gerente de Programas e Diretrizes do Departamento Nacional do Senac, Kelly Teixeira, ressaltou a importância da potência de integração das três casas (Senac em Minas, o Sesc em Minas e o Sistema Fecomércio MG), em um evento tão grandioso.
Encerrando a solenidade de abertura, o diretor-geral do Departamento Nacional do Sesc, José Carlos Cirilo, afirmou que a Educação sempre foi uma das prioridades do Sesc ao longo de todas as décadas de atuação no país. “Nosso compromisso histórico com o ensino de qualidade se traduz em vários projetos, porém, mesmo com todo esse legado, é preciso olhar para o futuro. Entender essas mudanças e lidar com as novas tecnologias são ações fundamentais para seguirmos nesse caminho de protagonismo na promoção de uma educação qualificada, eficiente e acessível para a população”, explicou o diretor.
Palestras e talks
O talk-show “Não é magia, é tecnologia”, com Sofia Fada e Ronaldo Gazel, responsáveis pela startup de educação e tecnologia Kriativar, iniciou a programação, mostrando o uso de tecnologias emergentes nos processos educacionais.
Já a palestra cênico-literária com Odilon Esteves emocionou o público ao utilizar recursos do teatro para propor um mergulho afetivo nas relações entre leitores e livros.
A programação do primeiro dia foi encerrada por Leandro Karnal, na bem-humorada palestra “Educando no mundo líquido”, com temas que fazem parte do debate sobre educação no Brasil e no mundo. “Sistemas educacionais, modelos e práticas pedagógicas vão perdendo seus antigos contornos para se adaptarem às novas exigências da realidade. Precisamos encontrar novas formas de lidar com um futuro que ainda não existe. O objetivo é superar uma educação baseada num modelo do século XIX, com professores nascidos (e quase sempre educados) no século XX e com alunos do século XXI”, explicou o historiador e escritor.
Práticas pedagógicas, educação inclusiva e uso de tecnologias são os temas discutidos no segundo dia da programação
“Por que um professor dá aulas e por que têm alunos que não aprendem?” Feita há mais de 50 anos por um grupo de professores em Portugal, essa pergunta foi reapresentada no sábado, de manhã pelo educador José Pacheco, em sua palestra “Experiências de Aprendizagem que Transformam”, abrindo a programação do dia 29/7. Nela, Pacheco falou sobre suas experiências e métodos de aprendizado testados ao redor do mundo, destacando o Brasil como o país fundamental para o aprimoramento da metodologia da Escola da Ponte.
“É aqui, neste país, que está o presente o futuro da educação”, disse ao explicar que a multiplicidade de saberes dos povos originários e quilombolas, aliada à diversidade cultural e de realidades sociais nas comunidades periféricas de grandes centros urbanos, faz com que a interação entre professor e aluno seja única e potencialmente transformadora. O professor também citou dois grandes educadores brasileiros como fonte de inspiração e aprendizado: Rubem Alves e Paulo Freire.
Em seguida, o público assistiu à apresentação do Gerente Nacional de Educação do Sesc, Luiz Fernando Barros. Ele fez o lançamento da Rede Sesc de Educação, uma iniciativa que pretende unir os projetos da instituição para fortalecer ainda mais a atuação na área, buscando oferecer uma melhor preparação para os desafios que as novas tecnologias e as inovações trazem para a educação e as escolas. Barros abordou, também, o papel da escola como desenvolvimento do sujeito social nesses novos contextos para que sejam desenvolvidas novas habilidades e competências para atender às necessidades do futuro.
Complementando as palestras anteriores, o presidente do Conselho Curador da Fundação de Desenvolvimento Gerencial – FDG, José Godoy, participou do talk-show sobre “Educação e o desafio brasileiro”, com o jornalista da TV Band Minas, Eduardo Costa. Um bate-papo sobre os desafios da educação do ponto de vista da gestão educacional, buscando os conhecimentos técnicos necessários para torná-la cada vez mais eficiente.
Mesa Redonda “Educação Inclusiva e acessível”
Com a mediação de Gabriela Augusto, mulher trans e fundadora da Transcendemos Consultoria, o tema da diversidade e inclusão no ambiente escolar encerrou a programação matutina da Bienal. A conversa contou ainda com as participações da pedagoga Clélia Rosa, que trabalha com as relações étnico-raciais e seus desafios na educação; da pesquisadora em Linguagem e Sociedade e professora de Letras do Instituto Federal de Brasília, Jaqueline Coêlho, que abordou a importância da linguagem nesse processo; e de Rodrigo Hübner Mendes, fundador do instituto Rodrigo Mendes, que realiza projetos para garantir o acesso de pessoas com deficiência à educação de qualidade na escola comum.
O jornalista, educador e escritor Alexandre Sayad apresentou o talk-show “Educação, comunidade e mídias”. Ele convidou a plateia para refletir sobre o papel da educação midiática na sociedade em tempos de pós-verdade e fake news, e, também sobre os elementos da cultura, da educação e da mídia que caracterizam o nosso tempo atual.
Na sequência, o educador e pesquisador espanhol Antoni Zabala falou sobre o tema “Tecnologia em sala de aula: uma solução ou um problema?”. Ele abordou as complexidades envolvidas nas práticas pedagógicas e as transformações necessárias para as escolas passarem de um sistema analítico para o interpretativo, entre outros temas de estudo do professor, que é uma referência internacional em Pensamento Complexo e Construtivismo em sala de aula.
A filósofa Djamila Ribeiro fez a última palestra da Eduko com o tema “Lugar de Fala na Educação 5.0”. Ela propôs um debate sobre práticas em sala de aula que promovem a diversidade no ambiente escolar em seus diversos aspectos, como etnias, gêneros, minorias e pessoas marginalizadas socialmente.
Por fim, todos os presentes puderam assistir ao show do músico Zeca Baleiro, que marcou o encerramento do evento.
Aprovação do público
Quem acompanhou a grande variedade de conteúdos apresentados na programação da Eduko aprovou a experiência. Maria Carolina de Oliveira, pedagoga e professora da rede pública de Contagem e Betim, destacou o formato inovador do Congresso. “Foi um evento muito bacana porque faz a gente refletir e interagir com metodologias e práticas inovadoras, pensando na educação em geral, e nos faz querer aprender mais para acolher melhor os alunos que chegam todos os dias nas escolas. Aprendi muito com os espaços de interação e nas oficinas propostas”, conclui Maria Carolina.
Otávio Neves, coordenador de Tecnologias Educacionais em Vespasiano, ressaltou como o evento contribuiu para pensar a educação a partir de um mundo que se constrói em constante movimento. “Um mundo de inovação, em que a tecnologia já faz parte do robô sapiens, que são esses estudantes que já têm uma nova mentalidade tecnológica, mas que não necessariamente são entendidos em sua amplitude e potência. Então, é muito importante a construção dessas comunidades para pensar e criar práticas pedagógicas e novas metodologias ativas para aproveitar o conhecimento digital que os alunos já têm para poder debater e criar diálogos sobre inovação e adequação em tempos atuais”.
Para a gerente de Educação do Sesc em Minas, Emília Cadeira, a realização do Congresso e sua transformação em um evento anual a partir do próximo ano reforçam a educação e movimentar o setor, levando-o para outro patamar em nosso estado. “A Eduko não foi só um congresso, mas uma construção coletiva, que se propõe a estabelecer conexões duradouras, instigando a reflexão e ressignificando a atuação no mercado de educação, explica”.